sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A SECULARIZAÇÃO DO PENSAMENTO

Ao movimento de renovação que motivou a transição do feudalismo para o capitalismo, deu-se o nome de Renascimento. Esse período foi marcado por mudanças na forma de sentir, pensar e agir com relação ao comportamento e pensamentos, vigentes na idade Média. É através no Renascimento que surge a burguesia, a qual passa a exprimir novos valores e ideais.
Uma das principais características do Renascimento é o Humanismo, que traz consigo o florescimento das artes e o despertar para mudanças nas formas de pensamento.
O homem na visão Humanista, passa de uma condição passiva à agente na sociedade, não aceitando mais as verdades pré-estabelecidas. Essa mudança possibilitou-lhe enxergar o mundo através de seus próprios juízos.
No período do pré-Renascimento Dante Alighieri (1265-1321), escreveu em a Monarquia, um texto político com teses naturalistas, reconhecendo o homem como um ser capaz de guiar-se por sua própria razão. Defendia a autoridade do rei, independente do poder do papa e da Igreja. Para o imperador cabia a incumbência de governar a sociedade e a Igreja deveria preocupar-se com salvação de todos na vida que estava por vir.
No século XVI, Maquiavel (1469-1527) propõe uma visão política diferente, onde o homem organiza seu espaço social e político, livre das influências religiosas.
A educação, aproveitando este momento de críticas à tradição, busca bases naturais e livres de interferências religiosas, a fim de difundir os valores e ideais burgueses. Como esse ideal nem sempre era alcançado de forma plena nas escolas, passou a ser defendido nas obras de literatos, filósofos e pedagogos. Muitos esboços de teoria da educação foram feitos por Erasmo, Rabelais e Montaigne, mas somente Vives apresentou um sistema coerente e organizado de filosofia da educação.
Juan Luis Vives (1942-1540), humanista espanhol, lecionou na universidade de Oxford, escreveu uma extensa obra pedagógica, sendo que seu principal trabalho foi Tratado do ensino, onde fala da educação da mulher, apesar de considerar sua presença fundamental no lar. Recomendava o cuidado com o corpo e atenção com o aspecto psicológico no ensino. Valorizava os métodos indutivos e experimentais e defendia o estudo adequado da língua materna juntamente com o latim.
Erasmo de Rotterdam (1467-1536) foi considerado representante do pré-Iluminismo, representante da corrente erudita da Renascença fazia muitas críticas à igreja corrupta e autoritária, por muitas vezes apoiou Lutero, mas sem aderir a Reforma. Dedicava-se às questões literárias e estéticas. Autor de Elogio da loucura, onde critica muitas atividades humanas, identificando nelas mediocridade e hipocrisia. Defendia o respeito ao amadurecimento da criança, o cuidado com a graduação do ensino, que as práticas de castigos corporais fossem abandonados e finalmente que as crianças pudessem aprender se divertindo, deixando de lado a preocupação com resultados imediatos.
François Rabelais (1494-1563) representa a corrente enciclopédica da Renascença. Assim como outros humanistas critica a tradição escolástica de forma irônica. Suas idéias sobre educação foram registradas em suas obras Gargantua e Pantagruel, uma utopia na qual tudo é exagerado, inclusive os personagens. Nesta obra, Rabelais simboliza a necessidade de se desfazer de toda lembrança da tradição, para que o novo ensino tenha bom aproveitamento.
Michel de Montaigne (1533-1592) foi um filósofo da Renascença.  É um dos precursores da modernidade, sua filosofia marca a ruptura com a forma de pensar medieval. Ele criou um novo gênero, os Ensaios, que eram guiados pelo senso comum, escrevia sobre suas próprias experiências e aquelas vividas por outros. Ele não deixou uma idéia sistemática da educação, mas através de suas experiências descritas nos Ensaios, procurou deixar claro que é exercitando a livre curiosidade, que cada individuo forma opiniões próprias, para ele a alma da criança deveria ser modelada através do seguinte pensamento: “Que sei eu?”. Para Montaigne a escola deveria se adequar a cada aluno, de modo que cada um pudesse desenvolver suas capacidades de forma prazerosa, mas ao contrário disso, o ensino era feito com ameaças e castigos.
Referências
ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2008.
ARANHA, M. L. A. História da educação. – 2, ed. rev. e atual. - São Paulo: Moderna, 1996.

Um comentário:

  1. adorei seu blog, estou cursando Pedagogia e sempre estarei visitando o mesmo.

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